segunda-feira, 9 de maio de 2011

Aborto.

Diário de um bebê que está por nascer.
5 de outubro: Hoje começa minha vida, meu pais ainda não sabem. Sou tão pequena quanto uma semente de maçã, mas já existo e sou única no mundo e diferente de todas as demais. E, apesar de quase não ter forma ainda, serei uma menina. Terei cabelos loiros e olhos azuis, e sei que gostarei muito de flores. Os cientistas diriam que tudo isto já tenho impresso no meu código genético.
19 de outubro: Cresci um pouco, mas ainda sou muito pequena para poder fazer algo por mim  mesma. A mamãe faz tudo por  mim. Mas o mais  engraçado é que nem sabe que  está me carregando consigo, precisamente debaixo de seu coração, alimentando-me com seu próprio sangue.
23 de outubro: Minha boca começa a tomar forma. Parece incrível! Dentro de um ano, mais ou menos, estarei  rindo, e mais tarde já poderei falar. A partir de agora sei qual será minha primeira palavra: Mamãe: Quem se atreve a dizer que  ainda não sou uma pessoa viva? É claro que sou, tal como a diminuta migalha de pão é verdadeiramente pão.
27 de outubro: Hoje meu coração começou a bater sozinho. De agora em diante baterá constantemente toda minha vida, sem parar para descansar. Então, depois de muitos anos, se sentirá cansado e irá parar e eu morrerei de forma natural. Mas agora não estou no final, e sim no começo da minha vida.
 2 de novembro: A cada dia cresço um pouquinho, meus braços e pernas estão tomando forma. Mas quanto terei  de esperar até que minhas perninhas me levem correndo para os braços da minha mãe, até que meus braços possam abraçar meu pai!
12 de novembro: Em minha mãos começam a se formar alguns pequeninos dedos. É estranho como são pequenos; contudo, como serão maravilhosos! Acariciarão um cachorrinho, lançarão uma bola, irão recolher flores, tocarão outra mão. Talvez algun dia meus dedos possam tocar violino ou pintar um quadro.
20 de novembro: Hoje o médico anunciou a minha mamãe pela primeira vez, que eu estou vivendo aqui debaixo do seu coração. Não se sentes feliz mamãezinha? Logo estarei em teus braços!
25 de novembro: Meus pais ainda não sabem que sou uma menina, talvez esperam um menino. Ou talvez gêmeos! Mas lhes darei uma surpresa; quero me chamar Catarina, como minha mãe.
13 de dezembro: Já posso ver um pouquinho, mas estou rodeada ainda pela escuridão. Mas logo, meu olhos se abrirão para o mundo do sol, das flores, e dos sonhos. Nunca vi o mar, nem uma montanha,  nem mesmo o arco iris. Como serão na realidade? Como é você, mamãe?
24 de dezembro: Mamãe, posso ouvir teu coração bater. Você pode ouvir o meu? Lup-dup, lup-dup..., mamãe você via ter uma filhinha saudável. Sei que algumas crianças têm dificuldades para entrar no mundo, mas há médicos que ajudam as mães e os recém nascidos. Sei também que muitas mães teriam preferido não ter o filho que levam no ventre. Mas eu estou ansiosa para estar nos teus braços,  tocar o seu rosto,  olhar nos teus olhos, Você me espera com a mesma alegria que eu?
28 de dezembro: O que está acontecendo? O que estão fazendo? Mamãe, não deixe que me matem! Não, não!
Mamãe, por que você permitiu que acabassem com minha vida? Teríamos sido tão felizes...
Declaração da CNBB em favor da Vida e contra o Aborto
A Comissão de Constituição e Justiça, da Câmara Federal, aprovou, recentemente, ainda que por margem mínima, o Projeto de Lei nº 20-A(1991), que "dispõe sobre a obrigatoriedade de atendimento dos casos de aborto, previstos no Código Penal, pelo Sistema Único de Saúde". Trata-se do Art. 128 do Código Penal de 1940, que estabelece a despenalização do aborto em casos de estupro ou grave risco de vida para a gestante e que este projeto pretende regulamentar.
A Igreja no Brasil, em seguimento de Jesus Cristo, que veio para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância (cf. Jo 10,10), dá, mais uma vez, através desta declaração, seu testemunho em favor da vida humana, desde sua concepção até seu desfecho natural, baseada nas graves palavras da Bíblia: "Não matarás".
Ao mesmo tempo, ela compartilha as angústias, tristezas e sofrimentos de todos, principalmente dos pobres e dos que mais sofrem. Ela é solidária com a gestante em risco de vida ou vítima de estupro. Oferece o perdão de Jesus Cristo aos que fraquejaram, tantas vezes opressos por circunstâncias adversas e procuram se reerguer. Propõe e quer contribuir para que haja sempre novos modos e instituições de defesa, apoio, proteção e assistência às gestantes traumatizadas e aos nascituros em perigo. São formas de misericórdia cristã.
Esta misericórdia se plenifica na verdade. Pois, o aborto direto e provocado, inclusive nos casos alegados neste Projeto de Lei, é sempre um atentado grave e inaceitável contra o direito fundamental à vida. "É a morte deliberada e direta, independentemente da forma como venha realizada, de um ser humano". "A percepção da gravidade do aborto vai se obscurecendo progressivamente em muitas consciências. A aceitação do aborto na mentalidade, nos costumes e na própria lei, é sinal eloqüente de uma perigosíssima crise do sentido moral". Esta problemática abre vasto campo para o diálogo e o anúncio da parte dos católicos no seio de uma sociedade que hoje é pluralista. Contudo, quaisquer razões, "por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser inocente" (João Paulo II, O Evangelho da Vida, nº 58).
Às vezes, insinua-se que a Igreja defende a vida do nascituro em prejuízo do direito da mãe. Na verdade, ela defende e procura salvar integralmente a ambos.
Além do mais, no caso de estupro, o ser humano concebido é totalmente inocente e indefeso. Como puni-lo com a morte?
Parecer de jurista ilustre indica a inconstitucionalidade do mencionado Art. 128 do Código Penal, uma vez que o Art. 5º da Constituição Federal considera a vida como o valor mais importante a ser protegido pelo Estado.
Preocupam-nos ainda outros projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, que agridem a vida e a família.
Por essas razões, nós, Bispos do Conselho Permanente da CNBB, reunidos em Brasília, de 26 a 29 de agosto, com a presente declaração fazemos veemente apelo, em nome do Episcopado Nacional, aos Legisladores de nosso País, para que se oponham a estes Projetos de Lei e procurem, ao contrário, reforçar a proteção à família e o apoio à vida, desde sua concepção até seu desfecho natural.
Às nossas Comunidades, aos profissionais de saúde e a todas as pessoas de boa vontade, fazemos um apelo premente para que o compromisso com a vida, ameaçada em tantos aspectos, seja a razão de nossas atitudes. Para isto, precisamos de gestos significativos que nos levem a dar assistência às gestantes angustiadas, vítimas de violência ou em risco de vida, bem como amparo aos nascituros e nascidos que são abandonados ou rejeitados. Ao mesmo tempo, façam chegar aos Parlamentares seu apelo contra os referidos projetos de lei.
Que Deus nos ilumine e fortifique na promoção da vida e da esperança!
Brasília-DF, 29 de agosto de 1997

Fonte: Acidigital.

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