A partir de células-tronco do próprio paciente, pesquisadores brasileiros vêm obtendo resultados no tratamento de doenças em estágios que a medicina convencional não é capaz de solucionar
Diabetes do tipo 1
A pesquisa: uma equipe da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo coletou células-tronco do
sangue de 26 pacientes com idade entre 13 e 35 anos em estágio inicial
da doença. Após serem submetidos a sessões de quimioterapia, eles
tiveram as células reinjetadas na corrente sanguínea. “O intuito dessa
terapia é ‘zerar’ o sistema imunológico para que ele pare de agredir as
células do pâncreas que produzem insulina”, explica o endocrinologista
Carlos Eduardo Couri
O resultado: dos 26 voluntários, três pararam de usar insulina de forma definitiva. Outros dezenove tiveram de retomar as injeções depois de alguns anos, porém em doses menores. Os quatro restantes não apresentaram melhora no quadro.
Silicose
A pesquisa: cinco voluntários com silicose — doença
causada pela inalação de partículas de sílica, bastante comum em
mineiros — foram submetidos à terapia celular. Para isso, os
pesquisadores retiraram células-tronco da medula óssea dos pacientes e
as reinseriram em diferentes áreas do pulmão
O resultado: um ano após o tratamento, todos os
pacientes apresentaram melhora na circulação sanguínea dentro dos
pulmões. “Como essa doença é progressiva e não tem nenhuma perspectiva
terapêutica, só o fato de os pacientes não piorarem já representa um
grande avanço”, diz a pesquisadora Patricia Rocco, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Insuficiência cardíaca
A pesquisa: conduzido pelo cirurgião cardiovascular
Paulo Brofman, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, o estudo
consistiu em injetar células da medula e do músculo da perna no coração
de oito pacientes que haviam sofrido infarto agudo do miocárdio
O resultado: todos os pacientes apresentaram melhora
no funcionamento do músculo cardíaco e na circulação sanguínea da região
afetada. “Temos 240 000 novos casos de insuficiência cardíaca por ano
em um país onde são feitos menos de 200 transplantes cardíacos anuais.
Daí a nossa expectativa de que a terapia celular possa reverter ou frear
a evolução da doença”, diz Brofman.
Angina refratária
A pesquisa: médicos da Universidade Federal de São
Paulo transferiram células da medula para o músculo cardíaco de vinte
voluntários com idade entre 53 e 79 anos que sofriam de angina
refratária. A doença causa uma obstrução nas artérias coronárias e
impede que o coração receba a quantidade necessária de sangue
O resultado: um ano após o tratamento, metade dos
pacientes deixou de sentir dores no peito. Cerca de 80% deles também
apresentaram melhora no fluxo sanguíneo da área afetada. “Isso foi
possível graças à formação de novos vasos sanguíneos”, diz o cirurgião
cardíaco Enio Buffolo.
Trombose
A pesquisa: quinze pacientes com arteriosclerose
(doença que causa o entupimento de vasos arteriais) aos quais só restava
como alternativa amputar as pernas receberam células-tronco da medula
óssea no músculo da panturrilha
O resultado: dez dos quinze pacientes se livraram da
amputação. “As células atuaram de duas formas: primeiro, dilatando os
vasos menos prejudicados e, depois, mais a longo prazo, formando novos
vasos para melhorar a circulação sanguínea”, explica o cirurgião
vascular José Dalmo de Araújo, do Instituto de Moléstias
Cardiovasculares (IMC), em São José do Rio Preto, no interior de São
Paulo.
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